Em Portugal, no concelho de Arouca, ocorre um fenómeno geológico raro no mundo. Trata-se de um afloramento de granito, com cerca de 1000m por 600m de área, abundante em nódulos de biotite (mica preta), em forma de disco biconvexo, que se soltam da rocha. O fenómeno deve-se aos processos de meteorização e de erosão diferenciais, atuando sobre a superfície da rocha, e que provocam a desagregação granular do granito e com ela o desprendimento dos nódulos da rocha-mãe.

A constatação deste fenómeno remonta, pelo menos, ao século XVIII, encontrando-se documentada no Dicionário Geográfico do Pe. Luís Cardoso (1751: 505) nos seguintes termos:

“No sítio chamado Fecha da Mejerela (…) tem uns penhascos a que os naturais chamam as Pedras que parem, deduzindo-lhe o nome de que estas pedras lançam outras pedrinhas pequenas em certos meses do ano, ficando-lhes as covas depois de as lançarem, e nas mesmas se vão criando outras para o ano seguinte; os moradores do Lugar da Castanheira, que são os mais vizinhos (…) tem observado que elas lançam duas vezes ao ano as mesmas pedrinhas, tornando de novo a encher, e alisar, até fazer a mesma produção, o que parece se deve atribuir à maior abundância de calor; alguns curiosos têm levado algumas destas pedras, e observam que sucede o mesmo, mostrando primeiro certos sinais de onde hão-de nascer as do ano seguinte.”

O granito nodular da Castanheira, ou “a pedra que pare pedra”, ou mais popularmente ainda a “pedra parideira”, tem um certo significado místico entre os habitantes da região. São conhecidos vestígios pré-históricos que permitem admitir que as “pedras paridas”, ou seja, os nódulos biotíticos, já nessa altura seriam um símbolo de fertilidade, como ainda o são no presente. Contava-se que as mulheres com dificuldade em engravidar colocavam uma destas pedras debaixo do travesseiro. Em novembro de 2012, procedeu-se à inauguração da Casa das Pedras Parideiras, centro de interpretação que visa valorizar esta singular ocorrência e defendê-la das depredações a que estava sujeita. No mundo, só na Rússia se regista um fenómeno idêntico.

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